E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011





Perdi o gosto bom das coisas, ela disse no começo da manhã. Fiquei pouco atônita, pouco pensativa, como assim? Perdi, ela disse. No final do dia, depois de horas de trabalho, alguma desilusão, dor nas costas por passar mais de oito horas sentada, o corpo doido por uma água morna, os pés implorando uma pantufa cheia de aconchego, a barriga pedindo por favor uma comida boa e honesta, o coração pulando em busca de um porto, eu entendo. Entendo o gosto dilacerado ou perdido ao longo do dia. Mas uma manhã como essa, pura e nova e fresca e tão azul, de um azul bonito e quente, um azul vivo e limpo, não sei.

Clarissa Corrêa

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011





(...) sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”


Rubem Alves

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Existem coisas que a gente nunca esquece. A lembrança mais forte que tenho é a dos dias chuvosos. Ao acordar de manhã, ficava maravilhada se o tempo estava fechado, o clima frio e o céu escuro. Sempre me senti muito bem com a chuva. Ela inspira, protege e fortifica.