E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta.

domingo, 17 de outubro de 2010


É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
 

É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe. 
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

(Carlos Drummond de Andrade)

Um comentário:

  1. Oi Amiga!
    O sempre também chega a um limite... Não há mal que 'sempre' dure.
    Pense no sempre só se for uma coisa boa... Aí sim vale a pena manter o sempre com a gente! (rsrs...)
    'Sempre' alegria na tua vida, cheia de boas energias e oportunidades amplas...
    Grande beijo, minha amiga querida!

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