E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A uma mulher


Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito. Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias. E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino. Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne. Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meu lábios tocaram teus lábios eu compreendi que a morte já estava no teu corpo e que era preciso fugir para não perder o único instante em que foste realmente a ausência de sofrimento em que realmente foste a serenidade.


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