E a cada dia ampliava-se na boca aquele gosto de morangos mofando, verde doentio guardado no fundo escuro de alguma gaveta.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

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Primeiro prenúncio de trovoada de depois de amanhã.
As primeiras nuvens, brancas, pairam baixas no céu mortiço, da trovoada de depois de amanhã?
Tenho a certeza, mas a certeza é mentira.
Ter certeza é não estar vendo. Depois de amanhã não há.
O que há é isto - Um céu azul, um poço baço, umas nuvens brancas no horizonte, com um retoque de sujo embaixo como se viesse negro depois.
Isto é o que hoje é, e como hoje por enquanto é tudo, isto é tudo.
Quem sabe se eu estarei morto depois de amanhã?
Se eu estiver morto depois de amanhã, a trovoada de depois de amanhã será outra trovoada do que seria se eu não tivesse morrido.
Bem sei que a trovoada não cai da minha vista, mas se eu não estiver no mundo, o mundo será diferente  - 
Haverá eu a menos - E a trovoada cairá num mundo diferente e não será a mesma trovoada.

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